quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O “supérfulo” não existe

É em meio aos corres-corres pelas ruas do cotidiano que pés afoitos atravessam de um lado a outro em busca de objetivos dos mais distantes daqueles que são os verdadeiros desejos que tanto se anseia alcançar. Quiçá o problema esteja na falta de saber separar o que se quer e o que se precisa, sendo as queixas uma questão de oportunidade dos muitos insatisfeitos do modo de viver. Todos culpamos os dias curtos pelos comuns “quem sabe um dia, hoje não...”, pois carecemos de desfrutes tão simples como: o passar de brisa no rosto, a lembrança de uma piada engraçada, o gosto de café bem feito. Poucos miram os olhos de outrem, poucos agradecem um favor, poucos os que sequer observam às quantas anda o próprio humor, propício a furor descabido. Foi numa tarde de pressa rotineira que ouvi os assobios do violino tocado pelas mãos humildes de um pedinte numa calçada onde inúmeros passos impacientes não dedicavam uma ínfima fatia do seu dia para apreciar Música Clássica entre tantas vozes desafinadas e berros de buzinas. Incrível é observar como somos vítimas de um ciclo do qual se torna difícil sair, vivemos em dias de uma sociedade que se distancia do que é apreciável e se aproxima do que é supérfluo, porque este sim, além de existir, faz-se presente em todos dias que cada vez menos sentimos passar.


(Marco de Moraes)