quinta-feira, 23 de setembro de 2010

In rerum natura (na natureza das coisas)

Sou admirador do nascer do dia
e do esplendor ímpar que é o seu início.
O êxtase pleno e solitário me guia
em absolutos enlevos: equinócio e solstício.

As pinturas com céu e nuvens formadas
são telas brancas cobertas de anil
que merecem carícias de pincel em camadas
de variados tons, outonal ou primaveril.

Deitado no sossego de gramado verdejante
regozijo-me em som a que nada se assemelha.
Do sentir de brisa e do seu cantar sou amante
a observar o ocaso da estrela vermelha.

Olvidar o tempo é ganho reflexivo
nos pensamentos de alguém que ama.
O meu contemplar diário é altivo
ansioso pelo perfume noturno da Dama.

Percebida expressão em arte
que parta sem agora; dia, noite, destarte
é arte fleuma, perfeita e pura,
manifesto espontâneo in rerum natura.