(Marco de Moraes)
sábado, 15 de setembro de 2012
Diferentes maneiras
Eles chegaram, venha ver! Se não percebeu quem são, faço logo saber: os
passos do homem de fraque e cartola escuros deslizam pela nossa rua
irregular como fazem as gotas da chuva que caem desde o início desta
tarde entediada. Elas vêm modestas com sopro do vento, enquanto ele se
queixa da lama entre as pedras em que a sola pisa, isso quando não xinga
sozinho; tão jovem e tão ranzinza... Qualquer cuidado ali é bastante,
questão de escolher as pedras certas no decorrer do caminho! Bom, a
pressa do homem tem lá sua razão, pois da carruagem à frente do portão
cabem mais de cem passos, assim como os mil pensamentos acerca do
convívio com aquela a quem fez promessas de bons confortos. Como sei?
Já prestei vários serviços ao homem e posso dizer que o hábito dos seus elogios
veste (e santifica) a moça muito melhor que qualquer dos seus vestidos
finos feitos sob medida. Em todos os lugares é assim: ele sai antes
para ver se tudo está bem, volta e oferta apoio às mãos delicadas da
moça, que sorri. Difícil entender? Nem tanto. Muitos foram os
pretendentes, mas aquele ali foi o preferido. Entenda, ele não tem bolsos recheados, ele não é dos mais belos e ainda é desastrado, todavia a diferença entre ele e os outros está no quanto ele é bom, no reconhecer de valor que é dos seus tratos.
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