A manhã já era
tarde, porém não demais para que o tempo tomasse as minhas chances
de estar bem. Levantar me custou um proveito que apenas a minha
preguiça sobre a cama quente saberia explicar naquele dia de março
em que decidi esquecer os ponteiros na escrevaninha revirada, aliás,
quis jogar fora qualquer bilhete de compromisso, pois reuniria as
pessoas que me querem o melhor para comemorarmos o dia, onde quisesse
que fosse. Salve! Propor pisar pelas ruas com as sandálias
calçadas foi questão de um estalo, então me atrevi a atravessar
junto de dois amigos para um bairro que havia muito não visitava. Se
a ida foi boa, a volta foi melhor. Como foi bom receber apertos de
mão e o abraço da chuva que limpou a alma como só ela faria...
Salve! Os convidados iam-se chegando, todos se ajeitando sem
reclames num espaço onde qualquer um duvidaria reunir tanta gente.
Lá couberam as piadas infames, coube quem comesse jujuba pela falta
do que fazer, coube a música alta e ainda coube uma voz que latia
sem razão, tudo misturado com a bebida dos risonhos, um tanto de sal
e limão. Salve! Um dia inteiro num segundo, história para
contar com brilhos nos olhos para quem quiser ouvir. A noite já era
tarde, contudo não demais para agradecer com as mãos para o céu ao
povo que esteve todo o tempo comigo e eu sei que eles nunca, nunca me
deixarão sozinho.
Em homenagem ao aniversário de um dos meus amigos do peito.
(Marco de Moraes)