quinta-feira, 7 de julho de 2011

Às meninices matutinas

Entregue a devaneios bambos senti o cheiro ingênuo da infância remetido às lembranças dos azulejos marrons – não mais fabricados – presos às paredes do corredor que antecedia o quintal da frente, acesso às estripulias descalças com pequeninas carambolas de vidro entre os dedos das mãos e uma bola de borracha dura conduzida por pés cobertos terra. Não poucas foram as manhãs que corriam ligeiras tais quais os inúmeros piques de nome inventado. Nossos dias passaram perante os olhos distraídos, sem doer, deixando pistas para histórias nas marcas de machucados há muito fechados e que nos lembramos risonhos ao tocá-los. Por vezes, a nostalgia é um aperto leviano no peito, um pano morno sobre as dores sentidas perante o dia-a-dia em um mundo rude e desigual.


(Marco de Moraes) 

2 comentários:

  1. Ah, doce e cruel nostalgia... (2)

    Eu adorei esse texto.
    Adoro esse seu estilo de textos pequenos e fortes.

    Parabéns!

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