sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Zodíaco


Seu dedo esticado apontava vislumbrado para as estrelas coladas naquele véu escuro que cobria o céu além do muro no qual se sentava todas as noites. Ela delineava tranquila um sem número de constelações utilizando apenas os olhos, e formava vários desenhos unindo os pontos cintilantes com traços entre eles - pontos por demais pequeninos, traços assaz finos -, preenchendo o firmamento com pinturas luminosas. Um quadro pulcro. 
Suas paixões partiam no pé diurno e retornavam no pé noturno pela alegria da ida do dia em fins de tarde com ares de missão cumprida. 
Seu vislumbre se avolumava vez por vez, ao ponto de desejar ter para si as luzes mais atraentes e guardá-las nos bolsos. 
Foi num sonho (o mais belo) em que conseguia voar e tocar com as mãos os elevados pontos brilhantes que ela escolhia e retirava para si os pontos mais cândidos, para depois tornar ao repouso em cima do seu muro convicta de que havia muito daquelas estrelas no seu interior. Não poucas vezes havia encontrado respostas lendo o céu estrelado. Percebeu quando desperta, já noite seguinte, que o céu escureceu demais, então abriu os bolsos iguais para libertar as luzes de volta para o firmamento, possibilitando assim a mescla entre o lúdico e o real. 
Com isso, entendera acerca da liberdade e do papel preenchido por cada um em tudo o que existe. Seus olhos brilhavam como as pedras celestes, que correspondiam com fachos de gratidão mais intensos quando assistidas pelos olhos da sua espectadora.


(Marco de Moraes)

5 comentários:

  1. "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
    Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
    Que, para ouvi-las muita vez desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto...

    E conversamos toda noite, enquanto
    A Via Láctea, como um pálio aberto,
    Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
    Inda as procuro pelo céu deserto.

    Direis agora: "Tresloucado amigo!
    Que conversas com elas? Que sentido
    Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

    E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
    Pois só quem ama pode ter ouvido
    Capaz de ouvir e de entender estrelas".

    Ora, tresloucado amigo, o que esperas delas? Chuvas cadentes nos céus de nossos sonhos?
    Não me aguentei... lembrei de Olavo e depois de anos fui relê-lo.

    Abraço terno.

    ResponderExcluir
  2. Lindo texto, Marco!

    A beleza está na liberdade.

    ResponderExcluir
  3. Olá.
    Ótima indicação.rs
    Sutil e bonito.Acho que é a beleza extremamente natural e que mesmo tendo uma organização tão complexa nos toca de uma maneira tão simples, que mais fascina.
    Deixo uma indicação também, se quiser...

    http://coresdaluz.blogspot.com.br/2010/10/cativeiro.html

    Obrigada pela visita e pelo comentário!Te seguirei também e passarei mais vezes.
    Bom fim de semana.

    ResponderExcluir
  4. Olá
    Texto lindo realmente gostei muito.

    Beijão
    http://lilicasg.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Oi!
    Nossa, gostei muito do seu texto. Você escreve de uma forma agradável.
    Parabéns e continue assim.]
    Abraço!

    "Palavras ao Vento..."
    www.leandro-de-lira.com

    ResponderExcluir