domingo, 27 de junho de 2010

Gratidão

Ela voou sobre o meu dorso,
sem menor esforço,
pintando em tons cinza-aquarela o alvorecer.
Era o perecer,
do anjo que tornou dádiva o antes fardo.
Sabe, não obstante perdura o calor do seu abraço... Ainda ardo.

Porquanto um dia me convenceu do renascer,
sem perceber,
que desafeto cujo passado eu alvo,
grato pelo seu afago salvo,
pois fez meu efêmero desfazer-se vazio.
Hoje acho graça do tempo torvo... Eu sorrio.

Ah, anjo... teu eterno teve fim nos meu braços;
tempo tenebroso que do teu sangue herdei os traços.
Assim, foi-se nosso encontro repentino,
de nada desatino.
Assim, veio lembrança do dia da liberdade,
o mais sombrio, quando encontrei amparo no seio da verdade.

2 comentários:

  1. Mais uma vez inebriantes palavras!
    Adorei!

    Beijos,
    Carol.

    ResponderExcluir
  2. "Era o perecer,
    do anjo que tornou dádiva o antes fardo.
    Sabe, não obstante perdura o calor do seu abraço... Ainda ardo."


    valeu a pena ter vivido as tantas décadas
    paras chegar aqui, hoje, e me deliciar com tamanha poesia!


    "Assim, foi-se nosso encontro repentino,
    de nada desatino.
    Assim, veio lembrança do dia da liberdade,
    o mais sombrio, quando encontrei amparo no seio da verdade."


    Deveras bello! O belo me chama, me atrai,
    náo tem jeito mesmo, o belo sempre me acha.

    ResponderExcluir