segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Rejeição de plumas

Ele voou altaneiro até o imenso azulado,
e ao tocá-lo, abriu-lhe fenda amarga.
O pleno descrido cerrou olho marejado,
que o imergiu em escuridão que tudo apaga.

Foram-lhe negados flechas e arco
assim que descendeu em chão descrido,
com as asas a se fecharem e fenecerem pelo charco
no qual lamentava permanecer fraco e inibido.

Enluto envolto por celestes cacos,
mirou seus dedos feridos por pendor;
tremebundo irritadiço, via reflexos opacos
da sua morada alta, jaz sem cor.

Recordou-se do antes
em que acendia a chama
no sentimento, que de passante
seria mais um que ama.

A sua querência diversa por mulher
encheu-lhe o peito de estranheza,
já que bem a queria, não uma qualquer
de gozo contente em única beleza.

Ao perecer da pluma derradeira,
pouco restou a duvidar.
O réprobo cupido aceitou à sua maneira
deveras ser moço para com a paixão lidar.

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